A PRIMEIRA QUEDA
Ariel montava um certo cavalo de dorso macio, um puro-sangue, castanho-escuro. Inicialmente muito devagar. Meia hora depois, atreveu-se, dando-lhe com as esporas e pô-lo a trotar ao ritmo britânico. O andamento não era suficiente. Experimentou o galope. Por pouco tempo. Caiu sobre o seu lado esquerdo, rolando por breves segundos ao longo de uma duna. Ficou com o nariz enterrando na espuma de uma onda que se desfez na areia. O ventre doía-lhe. A tarde caiu, o sol desceu no horizonte, mas o calor arrebatador de uma qualquer tarde do mês de Agosto, no meio do areal, provocava-lhe uma profunda angústia. Ariel tenta levantar-se. Em vão. Sente as pernas, os braços, as mãos adormecidas. Cai num torpor profundo. Reabre os olhos na noite escura e por momentos não recorda nenhum dos acontecimentos daquela tarde. Não imagina como chegou ali. Não há sinais do cavalo castanho. Apenas se ouvem os sons das ondas, agora mais longe, e mais espaçadas. A maré desceu, o movimento das águas abrandou. Não sabe sequer o nome da praia, da cidade mais próxima. Não sabe que se chama Ariel. Muito menos que é o primeiro homem a pisar o planeta Terra.
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